O Brasil do Sol Nascente

O Brasil do Sol Nascente

Quando o Kasato Maru, a todo vapor, aportou em 18 de junho de 1908, os japoneses que aqui se estabeleceram, sofreram muitos preconceitos e obstáculos, mas eles superaram tudo isso e se tornaram um povo admirável.

A trajetória dos primeiros imigrantes japoneses no Brasil, não foi nada fácil. Sofreram humilhações e preconceitos, trabalharam como “quase” escravos nas lavouras de “ouro negro” e viveram na extrema miséria. Mas por quê então eles resolveram atravessar o Atlântico? Por que na era Meiji, o Japão enfrentava uma grave crise econômica e social, como alto índice de desemprego, extrema miséria e explosão demográfica. E também porque a Imigração Brasileira tinha interesse em tê-los aqui, porque os escravos libertos já buscavam novos horizontes e tinham outras aspirações; com isso os agricultores de café ficaram desesperados e pressionaram a Companhia Imperial de Emigração, o que os levou a assinar um acordo para expedir 3 mil japoneses para o Brasil. Nós queríamos alavancar nossos negócios e as autoridades japonesas também tinham interesse de enviar mão de obra ociosa para cá.

Do Porto de Kobe ao Porto de Santos, foram 52 dias de mar, onde japoneses deixavam para trás seu bem mais precioso: a Honra. Em busca de um futuro incerto, mas com a certeza de que um dia voltariam para a sua terra natal, perderam totalmente suas esperanças quando se depararam com as moradias (antigas senzalas sujas e abandonadas); o choque foi enorme para esse povo, que acostumado com a ordem e a limpeza, não deixou sequer uma bituca de cigarro após desembarcar do Kasato Maro. Mais tarde, com a eclosão da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) abortaram absolutamente a ideia de reconstruir suas vidas. De um lado, o Japão se encontrava destruído e humilhado e por outro, o Brasil tinha rompido relações diplomáticas com os países do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Para escapar da discriminação e violência, os japoneses que até então trabalhavam em tinturarias, foram trabalhar em pastelarias se passando por chineses. Sim, os pastéis têm origem chinesa.

O trauma profundo e o duplo constrangimento fizeram desse povo verdadeiros guerreiros. É impressionante como essa nação é poderosa.

Kyoto - Japan

Kyoto - Japan

Tokyo - Japan

Tokyo - Japan

Acredito que essa nação de contrastes e a fortaleza interior de se reerguer, vem de uma cultura embasada na espiritualidade. A prática do Budismo é considerada o caminho da evolução, essa filosofia, que teve grandes mudanças no período do Xogunato Kamakura (formado por grandes guerreiros, imperialistas e militares) se tornou mais pragmática e religiosa.

Para quem é fã da prática budista, existe um lugar maravilhoso que recomendo muito: Templo Zu Lai na região de Cotia – São Paulo. Lugar perfeito e sereno para meditação.

Monge - Japan

Monge - Japan

Eu admiro a persistência, a perseverança e o equilíbrio da nação Nipônica:

  •        Aprenderam a técnica de navegação com os portugueses, tais como a matemática, cartografia, geografia e astronomia.
  •        Trouxeram a prensa da Europa em 1590. As publicações dos textos que até então eram romanas ou latinas, eles conseguiram fazer a romanização do japonês e mais tarde criaram suas próprias prensas, acreditando no seu potencial.
  •        Ao mesmo tempo em que gostam do conforto material, procuram importar-se com a fé e a espiritualidade.

A capacidade de aprendizado e adaptação desse povo estrategista e sagaz é espetacular. Haja vista o modo como eles se adaptaram no Brasil.

Curiosidades:

Conheça o nome das seis gerações nipônicas que fizeram e fazem parte do nosso cotidiano:

Isseis –        1ª geração

Nisseis –      2ª geração

Sansseis –   3ª geração

Yonsseis –   4ª geração

Gossei –       5ª geração

Rokusseis –  6ª geração

 

Eu adoraria visitar o Japão, e você?